Autora: Rebecca Solnit
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2017
Páginas: 200
Livro cedido em parceria com a editora
Sinopse: Rebecca Solnit é hoje uma das principais pensadoras do feminismo contemporâneo. Autora do famoso ensaio que deu origem ao termo mansplaining, que veio revolucionar o vocabulário das discussões sobre gênero, sua obra é leitura obrigatória tanto para as pessoas mais experimentadas no tema quanto para aqueles que desejam se iniciar em um dos principais debates da sociedade atual. Em A mãe de todas as perguntas, Solnit parte das ideias centrais de maternidade e silenciamento feminino para tecer comentários indispensáveis sobre diferentes temas do feminismo: misoginia, violência contra a mulher, fragilidade masculina, o histórico recente de piadas sobre estupro e outros mais. Cristalinos e contundentes, seus ensaios devolvem ao tema toda a gravidade ele merece, sem abrir mão da poesia e do humor característicos de sua escrita.
Estou aqui hoje para falar um pouquinho de como foi a minha leitura de "A mãe de todas as perguntas", recebido em parceria com a Editora Companhia das Letras.
Começo a resenha contando a vocês que me encantei pelo título e sinopse desse livro no momento da escolha do mesmo no catálogo da editora.
Assim que chegou, iniciei a leitura e me deparei com uma escrita muito mais técnica do que estou acostumada, o que me exigiu mais concentração e estudo para realizar uma leitura realmente proveitosa.
Se trata de um livro de ensaios, algo que confesso para vocês que nunca havia lido em minha vida!
"Em toda a violência há autoritarismo ou a sensação de se achar no direito de fazer aquilo. Dizemos que o assassino tomou a vida de outra pessoa. Tomar é se apoderar."
Através de exemplos de casos do passado e de outros atuais, a autora nos propõe diversas reflexões sobre como o machismo está arraigado em nós, homens e mulheres de todos os locais do mundo. E o pior é que nem percebemos!
Mas se engana quem pensa que se trata de um livro maçante! A leitura é deliciosa, pois parecem que gavetas se abrem, a cada página lida, na cabeça do leitor, o que proporciona não apenas rasas reflexões, mas uma verdadeira compreensão que culmina na mudança de atitudes a partir dali.
Estou acostumada a realizar leituras com a temática feminista, mas nunca nenhum livro nessa direção me tocou tão profundamente a respeito das questões de gênero, de luta pelas minorias, de despertar para uma sociedade mais justa para todos.
São muitos os exemplos citados pela autora e, claro, a revolta que os casos reais nos causa é combustível que leva a um engajamento cada vez maior na vertente feminista.
"O estuprador pode lhe dizer: 'Você não foi estuprada.', e aí, se você insistir, ele pode ameaçá-la de morte, pois matar é o jeito mais simples de ser a única voz na sala."
É muito interessante também a opinião da autora sobre os homens que se revoltam quando dizemos, por exemplo, que 'homens são estupradores em potencial' ou que 'o culpado pelo estupro é sempre e apenas o estuprador', com a justificativa de que nem todos os homens são estupradores e que estaríamos generalizando.
Segundo a autora - e eu concordo muito - nem todos os homens são estupradores, realmente, mas TODAS as mulheres, estupradas ou não, sofrem o impacto dos estupros!
Outro ponto que achei interessante foi que a autora não teve medo de abordar outros assuntos polêmicos, dentre eles o alcoolismo, o livre comércio de armas para civis e o racismo, todos com singular maestria!
"É absolutamente raro que um indivíduo armado entre numa situação caótica e, como o herói pistoleiro de um bangue-bangue, atire com precisão e eficiência, eliminando os maus e poupando os bons."
A edição está maravilhosa, com uma capa ao mesmo tempo simples e chamativa, em tons de roxo e laranja, com verniz e alto-relevo muito bem aplicados. As folhas pouco amareladas e a fonte escolhida são confortáveis à leitura.
Não há como passar em branco por um livro como esse! Considero leitura obrigatória para as feministas e recomendo a todos os que buscam entendimento para uma sociedade melhor para as minorias em geral.
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